sábado, 17 de dezembro de 2011

Suspiro

Rosana Pegas


Ela era como uma caixa vazia e quente
De onde escorriam restos de silêncio e saudade
Segredos de alguém que deixou de existir dentro de si

Alguém que deixou de sustentar a impureza de seus incontáveis e desonestos sabores

Era como aquele meio segundo entre a retirada de um sutiã e outro
Infiel, inconstante, trêmulo e tocante
Deu-se enfim, o derradeiro beijo

Rasgou-se em mim como um estrondo
Deixei de sentir e voltei para o ninho, para o leito, para o peito de quem me abriga à noite